quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DESAFIO


Nos dias de hoje é possível perceber a quantidade de questionamentos em relação à qualidade do ensino que tem sido ofertado nas escolas brasileiras, e a grave situação social que tem potencializado de modo assustador as dificuldades de aprendizagem, a evasão escolar e a defasagem que os alunos apresentam no desenvolvimento cognitivo. Embora crianças e jovens da atualidade apresentem prejuízos evidentes no desempenho escolar e social, a sociedade não pode responsabilizar unicamente o professor por esta situação. O problema do fracasso escolar, evidentemente, não está baseado apenas em uma única causa. Apesar da sociedade já ter percebido isso, em geral, o professor não é valorizado por ser considerado ruim e responsável por todos os problemas educacionais. Por outro lado, o profissional não se disponibiliza a assumir verdadeiramente suas responsabilidades, porque não se sente valorizado pela sociedade. Será um ciclo vicioso? Eu acredito que sim, e para que essas responsabilidades sejam assumidas, é preciso união, de ambas as partes. O processo educativo exige solidariedade e cooperação e nesse contexto, especialmente na escola, o trabalho coletivo representa uma grande possibilidade de mudança. Portanto, professor, quando pensares em transformação, independente das circunstâncias, não se preocupe apenas com a sua competência que possivelmente estará sempre aquém do que a verdadeira transformação necessita, mas mantenha uma relação de amor e entusiasmo com seus alunos e com seu trabalho. Este é o ponto de partida para que a nossa dignidade seja recuperada.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O PRINCÍPIO DAS PEQUENAS DOSES

Ontem eu estava conversando com uma amiga pelo msn e caminhamos para um assunto que girava em torno das “pequenas doses”. Após um longo período de conversa, chegamos a conclusão que esta é uma ideia muito comum que se estabeleceu ao longo dos séculos. Porém, atualmente é tudo bem diferente e as pessoas pensam bem mais em seus próprios interesses. Nesse contexto egoísta, as pequenas doses, que deveriam ser grandes, tem gerado uma espécie de contentamento quando ocorrem, já que não podemos esperar muita coisa das pessoas. Quem já não disse ou ouviu dizer coisas do tipo: “Uma dose de amor não faz mal a ninguém”. E quem nunca ficou a espera de uma pequena dose, sabe-se lá do que, vinda de alguém que se considera especial. Eu e minha amiga falávamos sobre uma dose de carinho, de atenção, de solidariedade, de cooperação, etc. O que mais me admirou no percurso da conversa, foi a sinceridade dela em afirmar que as pequenas doses dessas coisas, podem ser extremamente nocivas assim como uma dose de veneno, por exemplo. Pensei comigo: A história do mundo está muito excitante mesmo – de um lado vemos e vivemos situações nunca havidas e esperadas, por outro lado temos a oportunidade de mudar fundamentalmente o modo como as coisas são feitas e, por que não, o modo como somos tratados. Mas não fazemos nada e, as vezes, até nos coformamos. Conversa vai, conversa vem... e posso dizer seguramente que o que ficou de mais importante, foi a certeza de que não temos que aceitar as coisas como elas estão, porque quem determina o que deve ser ou não, somos nós mesmos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

COMPLEXIDADE E SINGULARIDADE


A minha atuação como Psicopedagoga Institucional de uma escola da rede pública de ensino da cidade de Cacoal – RO tem me colocado diante de diversos desafios. Seguramente o maior deles trata-se da ausência de um histórico de trabalho efetivo na área por ser uma nova realidade para o serviço público deste estado. Apesar de décadas de existência, a identidade desta área de atuação não está ainda bem delimitada e por esta razão, não há clareza no que se refere às atribuições do Psicopedagogo Institucional. Mesmo em meio aos problemas de delimitação, há concordância de que é uma área que atua frente ás possíveis dificuldades que podem ser apresentadas por determinados alunos na construção do conhecimento. Embora, ao longo de sua existência, muito tenha sido publicado em livros e revistas especializadas, convém salientar que os estudos ainda não foram suficientes para uma clara delimitação e especificidade da área. Ainda que haja estes impasses, é seguramente possível falar do valor do Psicopedagogo, que consiste na preocupação em lidar com o aluno como sujeito que é movido tanto pelo desejo quanto pelo respeito, o que garante a sua singularidade. Por todas as razões expostas e por tantas outras, o principal desafio da Psicopedagogia além da sua definição, que é fator de embates entre profissionais da própria área e de outras áreas, consiste no desenvolvimento do trabalho diante do complexo cenário do homem do século XXI. Nesse sentido, não foi preciso muito tempo para que eu pudesse perceber a necessidade e a urgência de uma proposta de trabalho contendo instrumentos claros para o diagnóstico da realidade da escola no que se refere à estrutura e funcionamento, bem como as dinâmicas que envolvem o contexto de desenvolvimento dos alunos, visando superar os desafios apresentados nesta instituição de ensino. Tenho me confrontado diariamente com vários embates que se refere a fins, local adequado para o exercício, modalidades e recursos de atuação, e sentido na pele os limites e as possibilidades de desenvolvimento deste trabalho. Acima de tudo, tenho a consciência de que apresentar propostas significa oferecer condições para que o trabalho se concretize, por isso tenho me empenhado muito na reflexão do processo educativo em toda a sua totalidade, e tenho levado em consideração que vivemos em uma sociedade dinâmica, instável e em constante evolução, o que me faz entender que, a cada passo dado, é necessário haver uma base ampla e sólida para sustentar as práticas que deverão ser desenvolvidas na escola onde atuo. Eu sinceramente acredito na possibilidade de ofertar uma contribuição positiva para a superação das dificuldades que se fazem presentes nesta escola, através do meu trabalho. E sinto orgulho em poder dizer que este é o meu compromisso.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

PRISÕES DA CURIOSIDADE

A realidade brasileira nos permite fazer uma leitura um tanto quanto assustadora do que se refere à educação e, principalmente, a profissão professor. Como docente do curso de Pedagogia, percebo a angustia que reside nos corações dos meus alunos e que, de modo muito perceptível, se intensifica à medida que a etapa final da graduação vai se aproximando. Evidentemente, quando escolhemos uma profissão e nos preparamos para exercê-la, há uma curiosidade natural que passa a envolver a nossa vida e que, na maioria das vezes, nos aprisiona. Nos deparamos com estudos diferenciados, referenciais teóricos diversos e uma realidade atual que exige um perfil de professor muito além do que os que foram formados até agora. Por esta razão, os conflitos vão se estabelecendo nos meios acadêmicos e revelando que a lacuna que há entre o conhecimento e a atuação do profissional se faz gigantesca, principalmente num contexto em que a maioria dos alunos ainda não atuam na área. Embora esta lacuna atinja a maior parte dos acadêmicos das mais diversas áreas do conhecimento, infelizmente, para o futuro profissional professor é ainda pior, considerando que sua função ainda se reduz a atuação meramente técnica, sendo concebida pela sociedade como algo simples, que depende apenas de boa vontade e treinamento. “A falsa cena de sempre!” Embora simples e óbvia, causa sérios problemasm que já passa da hora de serem enfrentados com a seriedade e o empenho que merecem. Nesse contexto, é possível afirmar que a graduação é uma etapa fundamental na vida do ser humano, porém, apesar de nos profissionalizar não nos dá, por si só, a garantia de qualidade (Isso vai variar de pessoa para pessoa.) é necessário comprometimento. Especialmente aos que se preparam para serem educadores não deve ser permitido apenas um oferecimento de ensino que promova a aprendizagem, mas que, além disso, promova a influência sob os destinos desta profissão e da educação de um modo geral. Aos meus prezados alunos(as) ressalto: é necessário ter a consciência de que quando iniciamos a formação em nível superior, como não poderia deixar de ser, nos colocamos diante de enormes desafios. E digo mais, e sem dúvidas, que aqueles que são colocados aos profissionais da educação são muito superiores aos das demais áreas. Aparentemente, tudo “parece” indicar que a autonomia profissional aliada às adequadas condições de trabalho é o que resultará na qualidade do ensino. Porém, conforme evidenciam os níveis inaceitáveis de fracasso escolar, o professor ainda é visto como “o” problema. Diante disso, se acalmem. Em breve seremos vistos como parte da solução dos problemas educacionais, mas para que isso ocorra, é necessário muita ousadia, mais ainda, determinação e perseverança para permanecer no caminho e se moldar de acordo com princípios e valores únicos e fundamentais, porque não basta apenas escolher ser professor, é necessário ser de fato.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A SEGREGAÇÃO QUASE INVISÍVEL

Durante muito tempo a adolescência foi entendida como um período de transição entre a infância e a fase adulta, período este, que gerava uma imensa crise de valores e diversos conflitos. Essa concepção naturalmente, levou a sociedade a segregar os adolescentes de uma maneira bastante sutil e inconsciente, por considerar que eles eram responsáveis pela distorção dos valores tradicionais. Mas agora o tempo é outro e, por isso mesmo, atualmente a adolescência é entendida como etapa evolutiva peculiar ao ser humano passando a ocupar o centro de interesses especulativos e de preocupações sociais. Esta mudança de postura decorre da situação em que estamos inseridos. Não é difícil perceber que o mundo está atravessando uma crise de identidade muito semelhante a que caracteriza esta fase da vida (adolescência). Por esta razão, toda a humanidade, independentemente da faixa etária e sem escolha, tem a oportunidade de experimentar a angustia atual, que reside no questionamento incessante dos valores tradicionais em confronto com a necessidade de reformulá-los diante das exigências do atual momento civilizatório. Este contexto nos permite perceber que as desigualdades se refletem através das vítimas desta segregação precoce. Nós participamos de uma sociedade de vítimas que, na maioria das vezes, estabelece confronto entre as expectativas conservadoras do meio familiar e as demandas da sociedade pós-moderna. É época de um grande conflito de gerações e de uma reforma precipitada de costumes, decorrentes do progresso material e conquistas recentes, o que gera a falta de comunicação entre crianças, jovens e adultos (o tão importante diálogo), dentre outros tantos problemas. Sabemos que a ética que o mundo moderno transmite aos jovens não é uma ética de reflexão alicerçada na responsabilidade e sim de ação inspirada no oportunismo, no qual meios e fins estão confundidos e a violência encontra o lugar ideal para construir sua morada. Os adolescentes aprendem a não sacrificar o prazer de hoje pela segurança de amanhã, pois esta precisa de fundamentação num mundo em que o futuro deixou de ser previsível. Igualmente aprendem que a violência é a única forma de nivelar e obter privilégios. E então os jovens se rebelam, contestam, problematizam... Reagindo ao sentimento de marginalização da grande e trágica competição travada nestes tempos e na busca pela adolescência inevitavelmente perdida. Em muitos casos, discutir quem cometeu o primeiro crime (na atualidade), se o pai ou o filho, é como tentar estabelecer a antecedência do ovo sobre a galinha e vice-versa. Não se pode esquecer que a adolescência é um momento de se estabelecer “moral própria”. Trata-se de um momento importantíssimo no desenvolvimento do indivíduo, marcado pela estruturação final da personalidade. Sendo uma fase tão importante e crucial da vida, é necessário procurar entender todo o processo de desenvolvimento e ter consciência que ele ocorre paralelamente ao contexto em que vivemos nos comprometendo cada vez mais com a juventude, sem desconsiderar que uma grande parcela do aprendizado de tudo o que é essencial à vida só a experiência pessoal irá proporcionar. Talvez, temos mais a aprender com o mundo do que com a escola, por exemplo. Portanto, tratemos de examinar e aprender um pouco melhor as possíveis razões que motivam a conduta dos adultos em relação aos adolescentes e dos adolescentes em relação aos adultos. É necessário compreender e não excluir.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

FRACASSO ESCOLAR

A discussão sobre o fracasso escolar é antiga e cada vez mais importante, porém, muito se discute e pouco se resolve. Mas de quem é a culpa? É possível solucionar este problema baseando-se em uma única causa? Pois bem, vivemos em uma sociedade que nos leva a procurar culpado para tudo, mas em se tratando desta problemática, não é possível se basear em uma única causa, ou procurar alguém para colocar a culpa. Quando falamos de fracasso escolar estamos falando de um problema estrutural, de longa data e muito mais sério do que podemos imaginar. Estamos falando também das condições dos alunos tanto cognitivas quanto psicológicas, sociais e físicas, de problemas de estrutura escolar, além da situação vivida pelos professores, que envolve a má remuneração, a falta de reconhecimento dentre outros fatores. Apesar desta problemática envolver diversos aspectos, vou salientar os que considero mais influentes e que consigo perceber com maior frequência no dia-a-dia: a FALTA DE DESEJO DE APRENDER, por uma considerável parcela dos alunos que frequentam a educação básica; e a FALTA DE VONTADE DE ENSINAR por grande parte dos professores. Não é difícil perceber que há muito tempo os alunos frequentam a escola por obrigação, também não é difícil perceber como os professores se sentem frustrados por não conseguirem atingir os objetivos que estabelecem no decorrer do trabalho. Diante disso, O QUE FAZER? Este talvez seja o questionamento de inúmeras pessoas, pois o fracasso escolar acaba envolvendo não só professores e alunos, como também a sociedade, de um modo geral. Sabe-se que lidar com seres humanos nunca foi uma tarefa fácil e tranquila. Entretanto, nos últimos anos, a situação tem se agravado ainda mais nos ambientes educativos e, neste aspecto, falta a articulação dos problemas da realidade com estratégias de ensino permanentes e condizentes com o contexto, bem como a sensibilização dos professores na busca de alternativas para lidar com a falta de desejo de aprender dos alunos. Por outro lado, falta o comprometimento do aluno e da família para que o processo ocorra de maneira significativa. O grande impasse é que a desmotivação da maioria dos professores, decorrente muitas vezes da falta de reconhecimento e da situação em que se encontra a sociedade, gera falta de motivação nos alunos, já que estudar não é o sonho de consumo de nenhum deles. Que a escola é ruim, que o professor não é valorizado e nem defendido pela sociedade, que os alunos vivem em condições sócio-afetivas precárias... nós já sabemos. Contudo, a realidade pede para que haja uma união em prol de melhoria escolar, sem procurar culpados. Mas, COMO FAZER se a autodefesa está entre as habilidades mais importantes que alunos, familiares, professores e demais profissionais da educação pode dominar?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PARA COMEÇO DE CONVERSA...

Sou professora há alguns anos e seguramente posso dizer que a identificação com o meu trabalho, tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Superior e agora, no Ensino Fundamental e Médio, nasce do desafio de oferecer um exercício que contribua para a vida de cada aluno que tenho a oportunidade de manter contato. Estou convencida disso! Procedo de uma história bastante comum... a de ser conduzida naturalmente a fazer tudo o que faço. Ao mesmo tempo, creio que Deus mantem o controle sob as minhas decisões e escolhas do dia-a-dia e me conduz, o que explica a naturalidade com que acontece tudo em minha vida. Em algumas situações (talvez as que tenho vivido ultimamente em meu novo trabalho), observo de modo mais evidente, como as pessoas precisam umas das outras e como as relações se tornam mais complexas pela tendência natural do ser humano de jogar a culpa no outro ou excluí-lo do contexto. Infelizmente isso se evidencia em ambientes educativos. Em outros casos, percebo o quanto é difícil conhecer, entender e aceitar o ponto de vista de cada uma das pessoas com as quais convivemos, seja no trabalho, em casa ou em qualquer outro lugar. Diante disso, entendo que especialmente os profissionais da educação precisam estabelecer um plano de igualdade nas relações, considerando que somos nós quem as definimos na escola. A ausência de clareza ou consciência se manifesta nas dificuldades em enfrentar os problemas cotidianos. Em muitos momentos nos convencemos, de maneira mais ou menos consciente, que tudo o que acontece, acontece por alguma razão e não fazemos muita coisa para mudar o que não está bom. Muitas vezes há o ideal, mas, em muitos casos, ele prende as nossas atitudes e acaba por inverter as nossas ideias ou desejos iniciais. Nesta condição, recolhemos a essência daquilo que podemos entender como objetivo de vida, aqueles que cada um estabelece deliberadamente. Tenho procurado força, sabedoria e entusiasmo para não fazer com que a essência dos meus seja recolhida. E você, o que tem feito com os teus objetivos de vida?